Tarde do primeiro dia da 40ª Conferência do Distrito 1970 prosseguiu com novos oradores e muita animação
A tarde de 19 de maio da 40ª Conferência do Distrito 1970, que está a ter lugar no Altice Forum Braga, teve início com o Painel Os Valores da Liderança da Cultura Corporativa para o Negócio.
Moderado pelo ex-Governador do Distrito Sérgio Almeida, o painel contou com a presença de Luís Miguel Ribeiro, Presidente da AEP – Associação Empresarial de Portugal e Vice-Presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, e ainda de Ricardo Costa, Presidente da AEMinho – Associação Empresarial do Minho.
Luís Miguel Ribeiro destacou o desafio da globalização e o que esta representa, defendendo o papel das empresas na criação de riqueza. Para tal, políticas estáveis, de retenção de pessoas, e de valorização da indústria são necessárias.
O Presidente da AEP elogiou o “ADN do empresário português”, e, que, apesar das dificuldades, “vale a pena ser empresário em Portugal”.
Afirmando que há um longo caminho a fazer onde todos têm a aprender, e que as pessoas têm de se sentir bem nas empresas, destacou a necessidade das soft skills, com um alerta para as novas realidades do mercado de trabalho.
Após começar por referir que 99,2% das empresas em Portugal são pequenas ou médias, Ricardo Costa salientou a importância de o Estado dever ter um papel regulador e não interventivo sobre o mercado, após a interjeição “deixem o mercado trabalhar”.
Fez saber igualmente as pessoas necessitam de um salário digno e não de um salário mínimo, tendo dito, na qualidade de Presidente da AEMinho, ter proposto um aumento do IRC se isso significasse uma diminuição da carga fiscal sobre os salários.
Depois de ter declarado que empresários e trabalhadores não estão de lados opostos, afirmou que o país está em franca recuperação graças às empresas, que percebem cada vez mais dever abarcar valores humanos, de cultura, do belo, do bem-estar.
Ricardo Costa afirmou estar confiante na capacidade de liderança do país nas questões da energia, das novas tecnologias, e da inteligência artificial. Para tal, há um conjunto de desafios a transpor, mentalidades a mudar, e conquistar a confiança, que considera fundamental. “Ainda acredito que Portugal pode dar um passo decisivo e passar para o pelotão da frente”, concluiu.
No final do painel, houve a atuação surpresa da Mimo’s Dixie Band, que animou a audiência com a sua boa disposição e irreverência.
Carla Tavares, Presidente da CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego
Carla Tavares, Presidente da CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, após revelar ter sido membro do Rotary Club de Aveiro durante 14 anos, onde chegou a ser Presidente, felicitou o tema da Conferência e a cor púrpura escolhida para este ano rotário, igual à do Movimento Feminista.
Portugal é um dos países com uma das maiores taxas de participação feminina no mercado de trabalho, no entanto, apesar de terem mais qualificações, na generalidade, do que os homens, as mulheres estão sub-representadas nos quadros superiores e de decisão. Um outro exemplo de desigualdade laboral apresentado foi ao nível salarial, onde a diferença atual é de 150 euros.
Afirmando ser necessário romper com estereótipos, Carla Tavares reconhece que há um longo caminho a percorrer, aliás, que se “tem de fazer”. Para tal, deu como exemplo a necessidade de assegurar o equilíbrio das tarefas domésticas e o acesso dos homens ao ambiente doméstico, o gozo da licença parental, a erradicação da violência doméstica, a proteção dos cuidadores informais, para além do combate ao trabalho não remunerado e à segregação profissional.
“Muitas mulheres e raparigas ainda não conseguem ser o que têm direito a ser”, disse Carla Tavares, e referindo a Agenda do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, concluiu que “cabe a cada um fazer essa mudança”.
Mário César Camargo, Ex-Diretor e Representante da Presidente do Rotary International
Mário César Camargo destacou o impacto do Rotary na comunidade e na necessidade de a organização se manter atual para poder continuar a prestar serviço.
“O nosso principal desafio são vocês”, asseverou o Representante da Presidente do Rotary International, ao mesmo tempo que instou à atenção para a mudança, classificando-a como fundamental. Mário César Camargo deixou alertas para a mudança constante, e para o Movimento evitar hábitos antiquados.
Após referir que “as ONG precisam de mudar o mundo mas precisam primeiro de se mudar a si mesmas”, Mário César Camargo destacou igualmente a introdução da causa Ambiental no Rotary como tendo sido uma decisão com todo o sentido, dadas as novas orientações atuais.
Brian Rusch, Vice-Presidente da Força-Tarefa Diversidade, Equidade e Inclusão do Rotary International
Brian Rusch conta já com experiência em organizações humanitárias lideradas pelo Dalai Lama ou pelo Bispo Desmond Tutu, tendo acumulado conhecimento em colaboração inter-religiosa e diálogo inter-geracional.
Apelou para a existência de outras realidades nas pessoas, a que chamou de invisíveis, para além das caraterísticas externas, como exemplo na sua visão de como deve ser abordada a Diversidade.
Ao referir a Equidade como sendo uma forma de tratar todos com justiça, deu como exemplo o patrocínio de membros do Rotary que teriam dificuldades de pagar as quotas. No seu clube, membros que conseguiram aderir ao movimento nessas condições foram capazes de organizar projetos que mudaram a vida de muitas pessoas em diversos países.
Para a Inclusão, Brian Rusch deu como exemplo a criação de espaços que permitam a todos se mostrem de uma forma autêntica sem receio de julgamentos ou represálias, como a criação de um clube LGBT+. Aliás, tarefa na qual o Vice-Presidente da Força-Tarefa Diversidade, Equidade e Inclusão do Rotary International tomou parte, sendo a defesa dos direitos LGBT+ uma das suas causas.
“Diversidade, Equidade e Inclusão trata-se de proteger os Direitos Humanos”, disse Brian Rush, que afirma hoje estar-se a viver uma revolução no Rotary, com Jennifer Jones como primeira mulher Presidente da organização. Reconhece que o Rotary precisa de continuar em transformação, e conclui, “sabemos que através do servir podemos promover mudanças”.