Jennifer Jones Polio
Causas, Rotary International

Líderes globais da saúde veem o caminho aberto para a erradicação da poliomielite

O evento Dia Mundial de Combate à Poliomielite de 2022 e Além, realizado pelo Rotary e a OMS em Genebra, na Suíça, reuniu especialistas em saúde

Por Ryan Hyland e Arnold Grahl Fotografia Monika Lozinska

Durante o evento Dia Mundial de Combate à Poliomielite de 2022 e Além, realizado nos dias 21 e 22 de outubro, líderes globais expressaram a sua confiança de que a poliomielite será erradicada mundialmente, ao destacar o papel fundamental dos agentes da linha de frente, que se esforçam para que isso aconteça.

Patrocinado pelo Rotary International e pela OMS, o acontecimento serviu para passar as últimas informações aos participantes presenciais e telespectadores sobre a situação da erradicação da poliomielite. Foram também discutidas possíveis soluções comunitárias que vão além das imunizações para melhorar a saúde de mães e de crianças.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse na sessão de abertura que a erradicação da poliomielite está ao nosso alcance. Destacou o facto de que a Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite (GPEI) reduziu em 99,9% o número mundial de casos; dos 350 mil em 1988 para seis no ano passado. Por outro lado, teve admitiu que a iniciativa perdeu terreno este ano, tendo em vista a ocorrência de 20 casos no Paquistão e dois no Afeganistão, os últimos países onde a transmissão do vírus selvagem da poliomielite nunca foi interrompida. Há mais motivos para preocupação: o registo de um caso de poliomielite nos EUA e a deteção do poliovírus em águas residuais no Reino Unido “provam que a paralisia infantil continuará a ser uma ameaça global até que seja completamente erradicada”, disse.

Foram também diagnosticados alguns casos no Malawi e em Moçambique, neste e no ano passado. Ainda temos muitos desafios a superar, incluindo desinformação, dificuldade de se chegar a populações remotas e fadiga comunitária. Os programas de imunização contra a paralisia infantil enfrentaram uma rutura histórica, em grande parte devido à pandemia de covid-19, que acabou por aumentar os desafios. “Sem uma ação coordenada, poderemos perder todo o avanço que tivemos”, completou Tedros.

A presidente do Rotary Jennifer Jones, à direita, e Jeffery Kluger, editor geral da revista TIME, falam dos trabalhos de erradicação durante o evento Dia Mundial de Combate à Poliomielite de 2022 e Além a 21 de outubro na cidade de Genebra, Suíça.

A estratégia de erradicação da poliomielite da GPEI para 2022-26 foi projetada para enfrentar problemas deste género, ao utilizar tanto soluções comprovadas quanto novas ferramentas. Durante a Cimeira Mundial da Saúde em Berlim, no início de outubro, os doadores presentes, incluindo o Rotary, comprometeram-se a doar 2,6 mil milhões de dólares à estratégia. Estes fundos irão apoiar as imunizações contra a poliomielite em países onde a doença é endémica e naqueles que recentemente registaram surtos. Também irá financiar a adoção da nova vacina oral contra a poliomielite tipo 2 (nOPV2), que é uma versão geneticamente modificada de uma vacina atual e menos propensa a causar surtos de paralisia infantil derivada da vacina em circulação, uma variante do vírus da poliomielite.

Os fundos também irão apoiar o compromisso da GPEI com o empoderamento de mulheres em todos os setores da assistência médica. “A igualdade de género é essencial para conseguirmos erradicar a doença. Na maioria das comunidades afetadas, só mulheres têm acesso a outras casas e crianças que não as delas”, observou Tedros.

Este garantiu que a erradicação da poliomielite continuará a ser um assunto prioritário para a OMS. “Com o apoio do Rotary, eu posso ver um futuro onde as crianças só irão saber que a poliomielite existiu por que viram nalguma publicação especializada”, disse Tedros.

Outros especialistas em saúde global que falaram no evento foram os diretores de erradicação da poliomielite da OMS e da Unicef, respetivamente Aidan O’Leary e Steven Lauwerier; e o Embaixador Hans-Peter Jungel, representante permanente adjunto para a Alemanha.

“Não apenas a erradicação da paralisia infantil é possível, como está ao nosso alcance”, disse O’Leary animado. “Vacinar todas as crianças contra a poliomielite continuará a ser a nossa prioridade, pois se a vacina ficar dentro do frasco a sua existência será em vão.”

Durante uma sessão de perguntas e respostas com a presidente do RI, Jennifer Jones, e Jeffrey Kluger, editor geral da revista TIME, Jennifer disse: “Estamos a fazer um progresso incrível e temos todos os motivos para nos orgulharmos de tal.”

O segundo dia do evento focou-se nos cuidados preventivos e saúde de mães e filhos. Temas como assistência e oportunidades regionais de colaboração foram discutidos nos seminários.

Participantes no Dia Mundial de Combate à Poliomielte de 2022 e Além a 21 de outubro, em Genebra, Suíça.

Ênfase na importância das vacinações

O Rotary disponibilizou o vídeo do evento Dia Mundial de Combate à Poliomielite de 2022 e Além, que tem a participação de outros especialistas em saúde. Estes deram destaque à importância das imunizações como a única proteção segura contra a paralisia infantil e outras doenças preveníveis.

Hamid Jafari, diretor de erradicação da poliomielite na OMS, disse que o diagnóstico de casos da doença no Malawi e em Moçambique, e a deteção de variante do poliovírus em Nova York, Londres e Israel são prova da constante ameaça da poliomielite.

“Enquanto o vírus existir nalgum lugar, continuará a ser uma ameaça às crianças e pessoas não imunizadas em todos os lugares”, afirmou.

John Vertefeuille, chefe de erradicação da poliomielite no Centro Norte-Americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), observou a importância da vigilância contínua depois dos casos de poliomielite cessarem.

“No caminho da erradicação, a vigilância continuará a ter um papel crucial no processo de certificação, ao garantir que a transmissão do vírus seja interrompida, e que o título mais do que merecido de ‘mundo livre da poliomielite’ seja mantido após a certificação”, disse.

Os especialistas que integram o programa nacional de imunização no Paquistão falaram da estratégia de género da GPEI e da importância de designar mulheres para o trabalho da linha da frente, o que permite que todas as crianças sejam alcançadas.

“Notamos que as mulheres pareciam pouco à vontade em serem vacinadas por homens”, lembra Soofia Yunus, diretora geral da Federal Directorate of Immunization do Paquistão. “Em todas as estratégias que implementamos e atividades que conduzimos, incluímos as mulheres.”

Como dito por O’Leary: “O caminho é claro e temos as ferramentas e estratégias certas, sem contar com o nosso foco extremo.”

Adaptado de Rotary International