“Há que cada vez mais repensar o que entendemos por alfabetização”, Cristina Sousa
Setembro é o mês dedicado pelo Rotary International à Educação Básica e Alfabetização. No Distrito 1970, A Subcomissão para Apoio à Educação e à Cultura é coordenada por Cristina Sousa, com quem estivemos à conversa para conhecer um pouco melhor os objetivos para este ano rotário.
Distrito 1970: Como está organizada e quais as responsabilidades da Subcomissão para Apoio à Educação e à Cultura do Distrito 1970 do Rotary International?
Cristina Sousa: A subcomissão (e a comissão onde está inserida) tem como missão ser uma fonte de inspiração para os Clubes Rotários. A nossa razão de existir é fornecer uma listagem de ideias, na área da Educação e Cultura, para que os Clubes possam usá-las para organizar eventos ou inspirar-se nelas para criarem outros. O importante é que se sintam motivados a agir. Afinal, somos Pessoas Em Ação!
A Subcomissão, nas suas funções consultivas, e sendo a Educação uma das áreas de ação do Rotary, é solicitada pelos Clubes ao longo do ano rotário?
Antes do início do ano rotário, foi elaborado um documento alargado com todas as sugestões que tínhamos. Portanto, mais do que esperar as solicitações, fizemos um trabalho de antecipação das possíveis necessidades dos Clubes. Então, e apesar de uma ou outra pergunta, muito do trabalho desta sub-comissão foi feito antes do ano começar. Obviamente, estamos sempre disponíveis para aquilo que possam ser as necessidades dos Clubes. E à distância de um telefonema ou de uma mensagem!
Os Clubes estão dinâmicos nesta área, então.
Eu acredito que a área da Cultura e da Educação sempre foram áreas de interesse dos Clubes Rotários. E como cada vez mais há eventos nas nossas comunidades que nos convidam a envolver-nos e a ajudar, a ação rotária passou a ser uma realidade cada vez mais presente. E é exatamente isso que se pretende: colocar-nos em ação e dar visibilidade ao que fazemos!
Sendo agosto o Mês da Educação Básica e Alfabetização, que prioridades identifica?
Nós, em Portugal, somos privilegiados, porque a nossa educação e a alfabetização são garantidas. Mas, não deixa de ser realidade que cerca de 17% da população adulta mundial continua sem saber ler nem escrever. E essa realidade tem e deve ser olhada como uma competência básica para tudo o que pode ser a vida destas pessoas (deixe-me fazer aqui um salientar do projeto que o Rotaract do Distrito tem para este ano de financiar salas de aulas em Moçambique). Portanto, temos de nos lembrar que, como rotários, esta necessidade mundial pode ser trabalhada.
Numa realidade mais próxima, há que cada vez mais repensar o que entendemos por alfabetização. Porque há muitos níveis de iliteracia nas nossas comunidades, principalmente junto dos mais jovens. Há muita informação e isso não representa, necessariamente, conhecimento. Por isso, também aqui os Clubes Rotários podem (e devem) ter um papel de auxílio às necessidades das suas comunidades locais.
E aqui, foca também o aspeto da Cultura, que ainda é visto como um conceito restrito. Presumo que esteja a falar no seu sentido lato, certo?
Totalmente! Cada vez mais esta noções são dinâmicas e latas. Daí que a subcomissão tenha tentado (e perdoe-me a falta de humildade), e acredito que tenha conseguido, dar sugestões das mais variadas possíveis. E isso é ótimo! Porque permite a que cada Clube e cada Presidente possa adaptar a atuação do seu Clube às necessidades locais e aos gostos pessoais dos Companheiros (porque é muito importante que todos acreditemos no que o Clube nos pede, para que cada evento seja um sucesso).
E espero que no melhor espírito experimentador da Cultura, os Clubes Rotários estiquem a corda. Ou seja, que experimentem para além do que já fizeram no passado. O movimento rotário está num momento de pura evolução; que sejamos capazes de acompanhar e abrir horizontes.
Esse potencial que refere acaba por ir de encontro aos Ideais Rotários…
Completamente. O movimento nasce do inconformismo de um homem. Honrar esse legado é continuar a esticar o que podemos fazer. E fazer sempre mais, sempre melhor! Quando perdemos esse sentimento de inovação, perdemos parte do nosso potencial… Continuar em ação e fazer, ter projetos uns a seguir aos outros é a melhor forma de realizar todo o potencial de cada Clube. E é isso que atrai pessoas ao movimento: sentir que serão membros de um movimento que faz e que deixa marcas duradouras na comunidade local e no mundo!