Rotary International

Uma luta renovada contra a lepra

Na Índia, os membros do Rotary combatem mitos e promovem o tratamento.

Por Kamala Thiagarajan

Nos arredores da capital da Índia, Nova Deli, a cidade satélite de Gurugram é um centro tecnológico e financeiro movimentado, que acolhe algumas das maiores empresas do país, empreendimentos residenciais de luxo e zonas de entretenimento populares. Na sombra dessa riqueza, existe também uma comunidade de pessoas com lepra — uma entre centenas que ainda persistem na Índia, apesar de a doença não ser altamente contagiosa e ser facilmente curável nos dias de hoje.

Um empresário e rotário de Gurugram, Tridibes Basu, visitou pela primeira vez este assentamento há vários anos. Sabia que tais locais existiam, mas não estava preparado para a dimensão da pobreza e sofrimento que encontrou. “As pessoas viviam sem acesso a cuidados de saúde, água potável e saneamento básico,” diz ele. “A maioria tinha de mendigar para sobreviver, porque o simples facto de se mencionar a lepra gerava medo. Era vista como uma maldição e ninguém queria empregar alguém que sofresse da doença.”

Os esforços globais para eliminar a lepra fizeram avanços significativos nas últimas décadas, com uma redução de 95% na prevalência de casos sintomáticos e o desaparecimento da doença em grande parte do mundo. No entanto, a Índia continua a ser um dos poucos focos persistentes da doença, com cerca de 100.000 novos casos de lepra detetados todos os anos — aproximadamente metade dos 200.000 casos registados a nível mundial.

Ganga Kalshetty sorri para uma amiga num assentamento de pessoas com lepra em Nova Deli. Na altura em que esta fotografia foi tirada, em 2015, ela tinha sido diagnosticada com sinais iniciais da doença.
Crédito da imagem: Chandan Khanna/AFP via Getty Images

Também conhecida como doença de Hansen, a lepra é causada por uma infeção bacteriana que geralmente começa com manchas descoloradas e dormentes na pele, podendo evoluir para a destruição de nervos e músculos. É curável com uma terapia combinada de vários medicamentos, doada pela empresa farmacêutica Novartis e disponibilizada gratuitamente através da Organização Mundial da Saúde. No entanto, se não for tratada atempadamente, mesmo os pacientes curados podem ficar com incapacidades permanentes graves e desfiguração, o que leva ao ostracismo social e a um estigma tão intenso que algumas pessoas na Índia se autoexilam nas mais de 700 “colónias” de lepra existentes no país.

“A lepra é uma das doenças mais antigas do mundo, mas em muitas partes do planeta, o maior sofrimento não vem da doença em si, mas do estigma e da discriminação que a acompanham. Embora seja curável, os afetados são frequentemente isolados, incompreendidos e privados da dignidade básica,” afirma Nayan Patel, rotário de longa data em Inglaterra e embaixador da Lepra, uma organização internacional sediada no Reino Unido que diagnostica, trata e reabilita pessoas com lepra.

Como a bactéria da lepra não pode ser cultivada em laboratório, o seu estudo é um desafio e continua a ser, em parte, um mistério. Os cientistas acreditam que se transmite por gotículas expelidas pelo nariz e pela boca. No entanto, não é altamente contagiosa e cerca de 95% da população é naturalmente imune e capaz de combater a infeção. Ainda assim, o estigma, a desinformação e o medo persistem.

Basu, membro do Rotary Club de Delhi South, testemunhou os efeitos desta realidade nas suas visitas ao assentamento de lepra na sua cidade natal. Lá, tornou-se amigo de um homem de cerca de 50 anos, conhecido pela sua disposição alegre e por ser um dos poucos com um emprego bem remunerado, como segurança num estabelecimento próximo. Um dia, Basu soube que o homem tinha perdido o emprego e começado a precisar de cadeira de rodas. Seis meses depois, estava acamado. “A sua condição piorou progressivamente,” conta Basu, que em 2024 se tornou presidente da comissão distrital do Rotary para o controlo e alívio da lepra. “Descobri que, ao começar a trabalhar, ele deixou de tomar a medicação — um problema comum entre os pacientes que não têm consciência suficiente sobre como gerir a sua condição.”

Em 2019, o clube de Basu e outros dois — Delhi South End e New Delhi — formaram uma aliança com a Lepra para sensibilizar sobre os sintomas iniciais, fazer advocacia e apoiar pessoas com incapacidades causadas pela doença. Pouco depois, o Rotary Club de Delhi Regency Next também se juntou à iniciativa.

Em números

200 mil Casos anuais de lepra a nível mundial

95% Redução de casos desde a década de 1980

121 Países que reportaram novos casos de lepra em 2023

Deepak Kapur, membro do clube Delhi South e presidente do Comité PolioPlus da Índia, desempenhou um papel fundamental para que o país alcançasse o estatuto de livre de pólio há uma década. Ficou surpreendido, durante uma reunião com representantes da Lepra em 2019, ao descobrir que a lepra ainda era um problema. “Sempre pensei que a lepra pertencia às páginas dos livros de história, e a última vez que ouvi falar dela foi no filme Ben-Hur,” diz Kapur. “Fiquei chocado.”

Em colaboração com a Lepra, os membros do Rotary começaram a desenvolver esforços de apoio na Índia, baseando-se no que Kapur chama de “os quatro pilares”. O primeiro foi a sensibilização do público sobre a lepra e o combate aos mitos, para que as pessoas soubessem que é uma doença curável e que não se transmite por contacto casual. “Falámos sobre a natureza da doença,” explica Kapur. “Por exemplo, poucas pessoas sabem que o governo da Índia fornece gratuitamente a terapia combinada de vários medicamentos aos pacientes. E, passadas 72 horas após o início do tratamento, a pessoa deixa de ser transmissora da doença.”

Expandiram as campanhas de sensibilização aos profissionais de saúde, incluindo alguns médicos. Até agora, já formaram 500 agentes comunitários de saúde na Índia — uma força de confiança que presta cuidados básicos — para identificar sinais de lepra.

A deteção de casos foi a prioridade seguinte. Através de clínicas e campanhas de sensibilização, realizaram ações comunitárias para identificar pessoas com sinais de lepra que poderiam estar desinformadas ou receosas de procurar tratamento, incentivando-as a receber cuidados. A doença pode ser difícil de diagnosticar e é frequentemente ignorada. Além disso, tem um período de incubação muito longo, com sintomas que podem surgir até 30 anos após a exposição.

No quarto pilar do plano, os rotários apoiaram aqueles que ficaram com incapacidades. Por exemplo, organizaram cuidados para úlceras e forneceram ajudas à mobilidade, como calçado especializado e cadeiras de rodas, bem como cirurgias reconstrutivas, afirma Kapur.Deepak Kapur, membro do clube Delhi South e presidente do Comité PolioPlus da Índia, desempenhou um papel fundamental para que o país alcançasse o estatuto de livre de pólio há uma década. Ficou surpreendido, durante uma reunião com representantes da Lepra em 2019, ao descobrir que a lepra ainda era um problema. “Sempre pensei que a lepra pertencia às páginas dos livros de história, e a última vez que ouvi falar dela foi no filme Ben-Hur,” diz Kapur. “Fiquei chocado.”

Em colaboração com a Lepra, os membros do Rotary começaram a desenvolver esforços de apoio na Índia, baseando-se no que Kapur chama de “os quatro pilares”. O primeiro foi a sensibilização do público sobre a lepra e o combate aos mitos, para que as pessoas soubessem que é uma doença curável e que não se transmite por contacto casual. “Falámos sobre a natureza da doença,” explica Kapur. “Por exemplo, poucas pessoas sabem que o governo da Índia fornece gratuitamente a terapia combinada de vários medicamentos aos pacientes. E, passadas 72 horas após o início do tratamento, a pessoa deixa de ser transmissora da doença.”

Expandiram as campanhas de sensibilização aos profissionais de saúde, incluindo alguns médicos. Até agora, já formaram 500 agentes comunitários de saúde na Índia — uma força de confiança que presta cuidados básicos — para identificar sinais de lepra.

A deteção de casos foi a prioridade seguinte. Através de clínicas e campanhas de sensibilização, realizaram ações comunitárias para identificar pessoas com sinais de lepra que poderiam estar desinformadas ou receosas de procurar tratamento, incentivando-as a receber cuidados. A doença pode ser difícil de diagnosticar e é frequentemente ignorada. Além disso, tem um período de incubação muito longo, com sintomas que podem surgir até 30 anos após a exposição.

No quarto pilar do plano, os rotários apoiaram aqueles que ficaram com incapacidades. Por exemplo, organizaram cuidados para úlceras e forneceram ajudas à mobilidade, como calçado especializado e cadeiras de rodas, bem como cirurgias reconstrutivas, afirma Kapur.Deepak Kapur, membro do clube Delhi South e presidente do Comité PolioPlus da Índia, desempenhou um papel fundamental para que o país alcançasse o estatuto de livre de pólio há uma década. Ficou surpreendido, durante uma reunião com representantes da Lepra em 2019, ao descobrir que a lepra ainda era um problema. “Sempre pensei que a lepra pertencia às páginas dos livros de história, e a última vez que ouvi falar dela foi no filme Ben-Hur,” diz Kapur. “Fiquei chocado.”

Em colaboração com a Lepra, os membros do Rotary começaram a desenvolver esforços de apoio na Índia, baseando-se no que Kapur chama de “os quatro pilares”. O primeiro foi a sensibilização do público sobre a lepra e o combate aos mitos, para que as pessoas soubessem que é uma doença curável e que não se transmite por contacto casual. “Falámos sobre a natureza da doença,” explica Kapur. “Por exemplo, poucas pessoas sabem que o governo da Índia fornece gratuitamente a terapia combinada de vários medicamentos aos pacientes. E, passadas 72 horas após o início do tratamento, a pessoa deixa de ser transmissora da doença.”

Expandiram as campanhas de sensibilização aos profissionais de saúde, incluindo alguns médicos. Até agora, já formaram 500 agentes comunitários de saúde na Índia — uma força de confiança que presta cuidados básicos — para identificar sinais de lepra.

A deteção de casos foi a prioridade seguinte. Através de clínicas e campanhas de sensibilização, realizaram ações comunitárias para identificar pessoas com sinais de lepra que poderiam estar desinformadas ou receosas de procurar tratamento, incentivando-as a receber cuidados. A doença pode ser difícil de diagnosticar e é frequentemente ignorada. Além disso, tem um período de incubação muito longo, com sintomas que podem surgir até 30 anos após a exposição.

No quarto pilar do plano, os rotários apoiaram aqueles que ficaram com incapacidades. Por exemplo, organizaram cuidados para úlceras e forneceram ajudas à mobilidade, como calçado especializado e cadeiras de rodas, bem como cirurgias reconstrutivas, afirma Kapur.

Através de um centro na cidade de Noida, a leste de Nova Deli, os clubes Rotary colaboraram com a Leprosy Mission Trust India para formar pessoas afetadas pela lepra e outras deficiências para trabalharem como profissionais de tecnologias de informação e cosmetologia.
Crédito da imagem: Bijaya Hembram/The Leprosy Mission Trust India

A parceria do Rotary foi alargada para colaborar com a Leprosy Mission Trust India, que gere 15 hospitais em todo o país, bem como lares residenciais e centros de formação profissional que ajudam cerca de 1.200 pessoas por ano a encontrar emprego.

Através de um centro na cidade de Noida, a leste de Nova Deli, os clubes Rotary trabalharam com esta organização não governamental para formar cerca de 120 pessoas afetadas pela lepra e outras deficiências, qualificando-as para trabalharem como cosmetologistas e profissionais de tecnologias de informação.

Uma das primeiras alunas a inscrever-se foi Disha Santhosh, de 17 anos. Cresceu num assentamento de pessoas com lepra na zona de Dilshad Garden, em Deli — um dos maiores do género na Índia, onde vivem milhares de pessoas afetadas pela lepra e os seus familiares. Aqui, a maioria dos agregados familiares enfrenta dificuldades financeiras persistentes. O pai de Disha foi afetado pela lepra, mas durante muito tempo foi o único sustento da família, trabalhando incansavelmente como canalizador para garantir o sustento. Para conseguir satisfazer até as necessidades mais básicas, teve de contrair um empréstimo, agravando ainda mais a crise financeira da família. Mas, graças ao centro de formação, Disha concluiu em março a certificação em cosmetologia e está agora empregada, oferecendo um apoio vital para si e para os seus pais.

Estudantes de um centro de formação profissional para pessoas com lepra em Noida, Nova Deli, Índia, aprendem competências para se tornarem profissionais de tecnologias de informação.
Crédito da imagem: Bijaya Hembram/The Leprosy Mission Trust India

Embora a lepra persista teimosamente, há esperança na prevenção. Uma possível vacina, chamada LepVax, está em desenvolvimento e apresentou resultados promissores em testes pré-clínicos contra a bactéria Mycobacterium leprae, que causa a doença. No entanto, até que uma vacina se concretize, é necessário um apoio significativo.

“Como rotários, comprometidos com o serviço e a inclusão, devemos unir-nos para sensibilizar, apoiar o diagnóstico e tratamento precoces, e combater os mitos prejudiciais que ainda rodeiam a lepra. Unamo-nos para acabar com a doença e com a injustiça,” afirma Patel. “Juntos, podemos restaurar a esperança, a dignidade e a oportunidade.”

Esta reportagem foi originalmente publicada na edição de outubro de 2025 da revista Rotary.