“Campeões pela Paz”
Desporto como caminho para a paz
Há inúmeras formas de promover a Paz e prevenir conflitos, tema do mês de fevereiro de Rotary. O desporto – tendo em si os holofotes mediáticos – tem um papel importante na promoção da Paz. As rivalidades limitam-se à competição, por isso, não são raras as vezes em que, do desporto, emanam situações de união e exemplos de Paz. Foi este o testemunho de Miguel Oliveira, Fernando Pimenta e Fernanda Ribeiro, no Rotary Talks que decorreu no passado dia 27 de fevereiro. “O desporto, tem sido visto como algo que divide, que exclui, que cria rivalidades, mas é totalmente o oposto. Foi criado para incluir e dar a oportunidade de conquistar algo a pessoas das mais variadas nacionalidades, etnias, religiões, com as mesmas regras. É nisto que me revejo”, afirmou o piloto Miguel Oliveira.
A paz promove-se também pela igualdade de género. Essa foi uma luta assumida por Fernanda Ribeiro, referência no atletismo português, que por impossibilidade de agenda deixou um testemunho em vídeo. “Sei que há atletas que vieram para a modalidade porque me viram ganhar medalhas, como a Jéssica Augusto já disse muitas vezes. Acho que fui importante na luta entre mulheres e homens, porque os homens tinham melhores prémios que as mulheres. Consegui ajudar a mudar. Não quero mais, só quero a igualdade”, disse a atleta mais portuguesa medalha que abriu a Academia Fernanda Ribeiro, que permite a prática do atletismo, com treinos ajustados a várias idades, a todos, independentemente do estrato social. Neste momento, a academia tem quase centena e meia de alunos, desde crianças a seniores.
Também focado no exemplo que pode deixar aos mais novos, Miguel Oliveira criou a Oliveira Cup, contando com crianças de tenra idade (o mais novo tinha quatro anos). “Tudo aquilo que eu e o meu pai vivemos enquanto piloto, de pai e filho, achamos interessante partilhar. Não havia uma plataforma de iniciação acessível e bem estruturada em que jovens pilotos se iniciassem. A modalidade tem alguns custos, apesar de não ser impossível, há outras modalidades bem mais caras. Achamos um modelo económico para os pais e demos início a um projeto pioneiro em Portugal. Nada disto [medalhas] serve se não tiver deixado nada para os mais jovens e pela modalidade. Os caminhos fazem-se não apenas para mostrar, mas para ajudar também”, contou o piloto de MotoGP. Miguel Oliveira não esqueceu que a pandemia prejudicou o seu projeto, tal como todo o desporto jovem. “O desporto jovem não é praticado há quase um ano e tem um impacto brutal nos jovens. Temos de reverter o que não se praticou neste ano”, incitou.
Com mais de 100 medalhas em provas internacionais, Fernando Pimenta salientou a entreajuda que existe entre atletas e o respeito que o desporto promove. “Na aldeia olímpica respira-se liberdade, amor, o respeito pelos outros. Um atleta que esteja a iniciar vai ser respeitado como alguém que está na modalidade há muito tempo. Não é toda a gente que se atreve a estar na linha de partida”, garantiu o canoísta.
No contacto que tem com os mais jovens, das suas visitas a escolas, Fernando Pimenta costuma deixar-lhes um conselho de superação: “Vocês têm um objetivo, um sonho, vi haver uma fase em que as coisas vão ser fáceis, mas depois vão aparecer desafios. Só tenho duas formas de superar obstáculos, uma é contornar, ou se tivermos força é passar por cima. Temos de ser mentalmente muito fortes. Isso aplica-se a tudo, até dentro das empresas.”
A fechar a sessão, o Governador Sérgio Almeida lembrou que os Rotários vêem “o mundo com base na ética e nos valores. Esta foi também a mensagem do Rotary Talks de fevereiro: não se ganha a qualquer custo. “Vale a pena acreditar no ser humano, haverá sempre quem não desiste dos sonhos e de deixar o exemplo. Percebemos que o desporto não é só ganhar, é também dar de si antes de pensar em si”.