As nossas histórias são o que atrai as pessoas para o Rotary
Por Joe Otin, ex-governador do Distrito 9212 do Rotary International (Eritreia, Etiópia, Quénia, Sudão do Sul)
Tenho uma tendência natural para estatísticas, apesar dos sentimentos negativos que algumas pessoas têm relativamente àquelas. Acredito que a informação é o combustível que faz o nosso mundo funcionar e, sem este combustível, os nossos motores vão parar e desligar. Isto, porque as estatísticas são significativas na tomada de decisões.
Quando me juntei ao Rotary Club de Nairobi East, no Quénia, há 24 anos, disseram-me que os bons rotários eram definidos pela regularidade da sua presença, pela frequência das suas doações à The Rotary Foundation e, mais importante, pela sua capacidade de apresentar novos membros ao clube.
Na minha busca por ser um membro valioso, voltei-me para as estatísticas como forma de demonstrar a credibilidade do Rotary a familiares, amigos e céticos da vizinhança. Estudei todas as estatísticas importantes de cor e disparava-as ao menor sinal de provocação. Se alguém notasse o meu pin de membro, recebia uma enxurrada de informações suficiente para derrubar até o mais forte halterofilista.
Uma abordagem diferente
Somente um raio conseguiria fazer com que as minhas “vítimas”, no final de toda a minha conversa, acordassem novamente. Achava que estava a promover o clube, mas, em vez disso, estava somente a entediá-las.
Olhando para trás, não deveria ter sido uma surpresa para mim que todos os meus esforços de recrutamento viessem a dar em nada. Nenhuma das pessoas que abordei com todos aqueles factos e números se juntou à organização. No entanto, todas as semanas outros membros traziam convidados para os nossos almoços, e esses convidados acabavam por vir a juntar-se ao nosso clube no prazo de um ou dois meses.
Um dia, recebi uma chamada de uma jornalista de economia que queria discutir os resultados de um inquérito publicado recentemente pela minha empresa. Isto não era incomum porque, naquela altura, eu trabalhava para uma empresa de investigação, e executivos dos órgãos de comunicação social ligavam-me frequentemente para obter os nossos pontos de vista bem como novas informações.
As histórias humanas e relacionáveis que contamos são as que acionam gatilhos emocionais e criam as ligações especiais que temos no Rotary.
Encontrámo-nos num conhecido restaurante e, depois de trocarmos histórias pessoais, mencionei casualmente um evento do Rotary ao qual tinha ido no fim de semana, para inaugurar um recinto desportivo numa escola de um bairro degradado, nas redondezas. Esta história teve tanto sucesso a captar a sua atenção que, no final do nosso encontro, pediu-me um convite para o meu Rotary Club. Acabou por tornar-se a primeira pessoa que consegui apresentar à organização sem ter de as fazer sentir forçadas.
A jornalista de negócios de que falo é nada mais nada menos que Carole Kimutai, que veio a tornar-se uma das mais celebradas ex-presidentes do Rotary Club de Nairobi-East.
Aprendi uma coisa com esta experiência. Ninguém realmente se importa com estatísticas e dados; as pessoas estão mais interessadas no que a experiência significa para ti e para mim. As pessoas tendem a seguir a paixão e os sentimentos que veem em nós, o que cria um laço emocional mais poderoso do que um processo de pensamento racional.
Contar histórias
Aprendi a contar histórias sobre as minhas experiências no Rotary, sobre os membros e sobre todas as coisas interessantes que faziam. Falei sobre as pessoas com quem trabalhámos em vários projetos, e que pareciam ter uma compreensão mais profunda da vida devido ao seu serviço à comunidade. Falei sobre a interação social, novos relacionamentos e velhas amizades, e o impacto que tiveram na minha vida.
Também descrevi aqueles reflexos que oscilam na minha alma sempre que vejo rostos felizes de crianças carenciadas que recebem novos livros ou brinquedos, e a alegria das mães que trazem os seus filhos para acampamentos médicos e check-ups de saúde gratuitos.
Os resultados falam por si. Nos meus primeiros três anos a debitar estatísticas atrás de estatísticas, não consegui trazer nenhum novo membro. Nos 16 anos seguintes, apresentei mais de 30 novos membros e, juntamente com Jim Wilson e George Mathenge, lancei um novo clube com mais de 35 membros. Este clube continuou a formar outro clube com um número semelhante de membros fundadores.
As histórias humanas que contamos são as que acionam gatilhos emocionais e criam as ligações especiais que temos no Rotary. Ao definir e articular o que é verdadeiramente importante para nós, podemos tornar os nossos clubes atraentes, seja através da interação cara a cara, nas redes sociais ou mesmo quando se faz um discurso perante uma grande audiência.
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Traduzido de Our stories are what attract people to Rotary, Rotary Voices